quinta-feira, 15 de maio de 2008

acidente no mar



  • Um acidente no mar exige cuidados muito especiais. Para começar, a água é um meio estranho para nós humanos. No mar, em particular, onde a água é salgada, conseguir água potável, uma das condições mais básicas e essenciais da sobrevivência, pode tornar-se muito complicado. Mas as grandes complicações de um acidente no mar são a falta de referências, a falta de recursos e o seu poder como força da Natureza.
    Todavia, devido à vasta utilização do mar como via de transporte e de trabalho, todas as embarcações são obrigadas a ter meios de salvamento e sobrevivência, concordantes com o tipo de embarcação e o tamanho da tripulação. Estes meios respeitam normas universais, que são conhecidas e treinadas pelos comandantes e tripulações. Contudo, na qualidade de passageiros, podemos ver-nos confrontados com uma situação em que as pessoas que, supostamente, deveriam orientar e/ou comandar uma situação de emergência, Podem ter morrido, ou estar impossibilitados física ou psicologicamente para o fazer. Num caso destes, o conhecimento e domínio da prática de técnicas de sobrevivência, pode ser fulcral para nós e os outros. A nossa actuação pode ser recompensadora ao ponto de salvarmos pessoas tão importantes como o nosso filho.
    Antes de mais, devemos conhecer, então, os procedimentos básicos, para evitar piorar uma situação que, só por si, já é má suficiente. Estes são alguns conselhos:

    mantenha-se afastado da aeronave ou embarcação, até que ela afunde;
    evite flutuar em áreas cobertas de gasolina;
    procure imediatamente por desaparecidos;
    junte tudo o que puder do equipamento que flutua;
    Procure os botes salva-vidas (que geralmente se insuflam com o accionamento manual da válvula) ou, se não os encontrar, apoie-se em destroços flutuantes;
    se estiver acompanhado de outros náufragos, mantenham-se sempre juntos (dois ou mais botes são um ponto mais fácil de ser avistado por equipas de busca e resgate);
    verifique se há feridos, prestando-lhes os primeiros socorros;
    limpe todo o combustível que houver nas vestes e no corpo;
    mantenha sempre preparado e seco o conjunto de sinalização de emergência, bem como outros materiais de sobrevivência.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Teoria do BA

Quando nos deslocamos para ambientes ao qual o nosso organismo, mais especificamente o nosso sistema nervoso, não está tão familiarizado e automatizado, ficamos mais alerta.
A tudo o que é novo, uns mais outros menos, o nosso organismo reage. Simplesmente, reage. Olha mais, avalia mais, alerta mais os sentidos, fica mais reactivo. Todos temos estas propriedades. Nascemos com elas, é inato e fundamental à sobrevivência. E como dizia, e muito bem, Darwin, só o mais forte sobrevive.
Mas dependendo da orientação que toma a nossa vida, geográfica, profissional, familiar, a forma como reagimos a novas situações, pode melhorar ou esmorecer.
Contudo, além de reactivo, o ser humano é uma bela “máquina” e pode ser muito bem treinado. Ora, isto diz-nos que, como humanos, vamos sempre a tempo de nos adaptarmos a qualquer coisa. E isto contempla as situações mais inóspitas, ou as tão normais como o emprego ou hobby.
Os mais bem sucedidos, estão, à partida, mais bem preparados. Para nos prepararmos, temos, antes de mais, de saber prever antes de saber fazer. Só assim nos prepararmos para fazermos o mais próprio e eficaz.
A teoria do BA diz, tão simplesmente, que o plano B deve ser considerado antes do plano A. Ou seja, quando pensamos numa actividade ou situação para a qual partimos, (p.e. um novo negócio, uma saída de barco, uma viagem) devemos antes de a pôr em prática, pensar numa alternativa. Essa alternativa pode ser uma situação do mesmo género da inicialmente pretendida, uma situação totalmente oposta ou simplesmente uma reparação dos aspectos que correram mal. Isto pode soar a um dilema do tipo: quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha, mas com o devido treino, essa sensação vai-se desvanecendo e o conceito, tornando mais lógico e familiar.
Num exemplo prático e simples, podemos pensar numa viagem. Uma viagem pode correr muito bem, muito mal, ou parcialmente mal. Se pensarmos que podemos perder os cartões, que podemos perder as malas, que podemos ficar doentes, que nos podemos deparar com uma falta de água potável, que a comida nesse local pode não ser muito compatível connosco, etc. Aplicando a teoria do BA, estipulando a viagem, e pensando nestas questões, podemos incluir na nossa preparação soluções para estes problemas: anotar números de cartões e contactos dos bancos, levar umas bolachas, pastilhas de purificação de água, alguns medicamentos… isto é pensar no plano B, antes de pensar no plano A. Ou seja, depois de pensarmos na viagem (destino e objectivo), preparamos, primeiro o plano B, que nos dará segurança e orientará o plano A. Não me apetece nada ir ao deserto se não puder levar água junto a mim ou saber que tipo de plantas existem nesse local.
Em viagens mais complicadas, como as de aventura ou uma simples caminhada para locais mais afastados e de difícil acesso, podemos pensar no plano B como um conjunto de técnicas a utilizar em situação de emergência. As artes artesanais. Estas sim, deverão ser treinadas antes de as aplicar numa situação real. Mas deixarei esse assunto mais para a frente…

segunda-feira, 24 de março de 2008

Um nome


Para quem se inicia nas actividades ao ar livre, em especial as que comportam algum risco, afastamento da civilização, ou requerem alguma compatibilidade com a Natureza, deve preparar-se para o efeito. Deve pensar nos riscos que possa correr, desde uma entorse, uma indigestão, até à lesão mais grave ou a perder-se por completo. E quando digo isto, não o faço para que o aventureiro pense apenas na sua pessoa. Mesmo o mais presunçoso, pode ver o seu dia complicado pela asneira ou azar de um outro elemento do grupo. Por isso, em ambientes menos "familiares", devemos também preparar a segurança e divertimento do grupo, pois de nós ele poderá depender. É o que chamo de teoria do BA, ou seja, pensar primeiro no plano B antes de pensar no A. Isto pode ser inato, mas também treinado com muito sucesso. Se quisermos, podemos incorporar esta teoria e métodos no nosso dia a dia, empresa, família, etc. Se estamos preparados para um ambiente hostil, onde dominamos questões como pânico, sede, fome, liderança, paciência, então no nosso ambiente podemos estar seguros que temos sucesso.

O bom exemplo do que disse, é o do Reino Unido, onde a tradição de convivência com a Natureza é larga e bem enraizada. No Reino Unido existe um conceito, conjunto de técnicas e métodos, que traduzido à letra se designam por: "artesanato do mato" (Bushcraft), mas que vou designar por Artes Naturais. Muito entusiastas de ingressões no mato, aprendem e treinam estas técnicas por forma a se prepararem para eventuais complicações, ou simplesmente pelo facto de melhor interagirem com a Natureza. Qual a melhor maneira de o fazer, se não falar a sua linguagem e utilizar o que ela nos dá?! Isto acontece por todo o mundo. Já dizia um chileno que conheci: tudo o que dedicamos a algo que acreditamos, ela devolve-nos em dobro.

Mas quando falamos em Bushcraft, é impossível fazê-lo sem mencionar o nome do seu maior praticante e divulgador: Ray Mears. Este homem, explora as artes naturais por todo o mundo, exibe-as e ensina-as a pessoas que vão do mais simples campista até aos soldados das tropas especiais. Deixo aqui partes da introdução de um dos seus livros:

"Everyone who visits wild places will benefit from bushcraft knowledge. What could be more natural than to recognise the wild things arround us and find food, shelter, fire and water? (...) Knowledge is invisible and weighs nothing. Be mindful that in times of crisis if you can find shelter in the forest, rub sticks for fire and know which plants around can be eaten you will have a home, hearth and a meal."

O espaço


Basta uma pequena viagem de carro para nos darmos conta de que ainda há muito espaço no planeta...
Entre núcleos celulares formados pelas cidades e pelos seus aglomerados, para além das vilas e aldeias e das superfícies cultivadas que as rodeiam, quanto espaço! (Pierre Esclasse, 2004)
Quem já não saiu de casa com um rumo e foi manipulado por um "domingueiro", tendo estragado o seu dia, bem como o seu humor. Pessoas que reféns das suas limitações tomam as estradas de assalto e os demais condutores como seus próprios reféns. Terrível.
Todavia, escrevo para aqueles que vêm terra para além do cinzento, do acessível a carro, mota, ou até bicicleta. Os que se apercebem que a Terra é de todos, mas a Natureza é só para alguns, os que se aventuram. O cheiro a terra, a rio, mar, o verde, o som, a cor, o frio, o calor... a liberdade...
Não vou comentar esta paralisia colectiva de não sair do trilho, nem, por outro lado, os que de repente se acham robustos arqueólogos ou exploradores e se lançam à toa. Também, não vou incidir nos assuntos que tão frequentemente são abordados por escolas, empresas, associações e clubes de montanhismo, náutica ou aviação. Assuntos de orientação básica, cuidados gerais, legislação, entre outros.
Aponto à prevenção, à premeditação, à perspicácia e ao treino, como pilares de sustentação em situações de sobrevivência. Sobrevivência como extremo, usufruto da Natureza, nos seus mais diversos domínios, como prática corrente (profissional ou lúdica).
A necessidade faz o engenho. Se observarmos (basta em Portugal) a forma como técnicas e instrumentos, simples e brilhantes, são legados por gerações e ainda usados nos dias de hoje, vemos que a solução está sempre perto de nós.
Por outro lado, se dominarmos o conhecimento e prática dessas técnicas e instrumentos, além de mais confiantes e descontraídos, conseguimos, com menos, fazer muito mais: "quanto mais levarmos na cabeça, menos levamos na mochila"
Gostava de, com isto, sensibilizar quem me lê para estar mais atento e interagir com a Natureza, usando-a e respeitando-a. Seguir os que dela dependem, pois são eles que detêm o conhecimento que não vem nos livros, ou nos computadores. E não esqueçam, a Natureza tem os seus próprios meios de fazer as coisas, sejamos inteligentes e sigamos com ela...

Material

"É um erro permitir a qualquer objecto mecânico que compreenda que temos pressa"

sábado, 22 de março de 2008